A história do volante que ganhou camisa 9 das mãos de Mourinho e achou que era piada: 'Minha família só ria'

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  • ESPN.com.br

30 de set, 2025, 07:04

Nesta terça-feira (30), o Chelsea recebe o Benfica, às 16h (de Brasília), pela 2ª rodada da fase de liga da Uefa Champions League.

A partida marcará o reencontro dos Blues com aquele que é um dos maiores ídolos de sua história: o técnico José Mourinho, atual comandante dos Encarnados.

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Nos tempos de Stamford Bridge, o Special One ganhou vários grandes títulos e conquistou números que dificilmente serão batidos por outro treinador.

No entanto, o português também ficou marcado por alguns episódios bizarros, como o envolvendo o ex-volante Steve Sidwell, na temporada 2007/08.

Na ocasião, Sidwell vinha atuando muito bem pelo Reading, da Inglaterra, e teve sua contratação pedida especialmente por Mourinho.

Em entrevista ao jornal The New York Times, o ex-meio-campista, hoje aposentado, revelou que achou que era uma piada quando soube do interesse dos Blues.

"Meu empresário me ligou e perguntou se eu estava sentado. Falei que não e ele disse que era melhor eu me sentar. Ele contou que tinha acabado de falar no telefone com o diretor de futebol do Chelsea e ele tinha pedido minha contratação", relatou Sidwell.

"Eu sempre fui torcedor do Chelsea, assim como minha família. Tanto é que a gente até morava no bairro nessa época. Achei que meu empresário estava tirando sarro da minha cara", contou.

Mas era pura verdade: aproveitando que o meio-campista estava em fim de contrato com o Reading, o Chelsea o contratou de graça na virada da temporada 2006/07 para 2007/08.

O restante da história, porém, é mais do que bizarro...

A camisa 9 da discórdia

À época, a contratação de Sidwell foi vista com enorme estranhamento pela torcida do Chelsea. Afinal, Mourinho contava com várias ótimas opções no meio-campo, como Lampard, Makelélé, Obi Mikel, Essien e Ballack, entre outros.

Ainda assim, o volante topou assinar com os Blues não só pelo fato de ser seu time de coração, mas por ter ouvido da boca do próprio Special One, em um encontro em sua casa, que ele teria tempo de jogo, apesar de ser um nome muito mais low profile do que seus concorrentes.

No entanto, as coisas começaram a ficar estranhas na viagem de pré-temporada para os Estados Unidos, quando Mourinho, que estava sentado na parte da frente do avião, se virou para o setor em os atletas estavam, e fez um estranho anúncio.

"Steve, você vai usar a camisa 9 nesta temporada!".

O meio-campista, que nunca tinha atuado como centroavante nem na base, ficou sem entender nada. Mais uma vez, ele achou que era uma piada, assim como seus familiares.

"Todo jogador, quando vai para um time novo, vê quais números estão disponíveis. Eu vi que, no Chelsea, tinha a 9, a 14 e outros mais para cima. Então, achei que ganharia a 14", relembrou.

"Quando ele falou isso no avião, não sabia se seria tipo um teste ou algo do tipo. Pensei que se eu falasse que não queria, ele ia achar que eu tinha mentalidade fraca. Então, pensei que se eu falasse 'sim', pelo menos mostraria que tinha coragem de vestir a 9 do Chelsea. Então, eu disse 'sim'... E descobri que ele estava falando sério", rememorou.

"Quando eu contei isso para meus amigos e para a minha família, todo mundo começou a rir. Obviamente, 9 é só um número, mas que sempre esteve relacionado com os centroavantes top. Como todos sabem, esse não era o meu caso... Até porque só fiz um gol pelo Chelsea", brincou.

Posteriormente, a imprensa inglesa apurou que a escolha de Mourinho na verdade era uma forma de protestar contra a diretoria do Chelsea, que não havia investido para trazer os centroavantes que ele pediu no mercado da bola.

Justamente por isso, o Special One deu a 9 a um volante, de forma que a alta cúpula dos Blues "visse" seu recado toda vez que Sidwell entrasse em campo.

Na entrevista, o próprio ex-atleta admitiu que esse é realmente o motivo mais provável dele ter recebido o algarismo simbólico.

"Creio que foi uma maneira dele mandar um recado para a diretoria. No verão, ele queria mais dinheiro para gastar em transferências, mas as únicas contratações foram Tal Ben Haim, Claudio Pizarro e eu, todos grátis. E o único cara grandão que ainda tinha no elenco era o Malouda", sorriu.

"Por que não deram a 9 para o Pizarro, que era centroavante? Ao invés disso, foi ele que ganhou a 14... Mas hoje eu entendo que o Mourinho estava dando seu recado à diretoria quando deu a camisa 9 para um cara que veio de graça do Reading", analisou.

Uma temporada e tchau

Como era previsto, Sidwell não conseguiu se firmar no Chelsea.

Ele jamais foi capaz de brigar por posições com os "medalhões" do elenco e acabou jogando pouco mais de mil minutos divididos em 25 partidas pelos Blues.

Ao todo, marcou um gol em um jogo contra o Hull City, pela Copa da Liga, e deu uma assistência contra o Derby County, pela Premier League.

Para piorar, perdeu ainda mais espaço depois que Luiz Felipe Scolari assumiu o elenco e contratou Deco, "inflando" ainda mais o meio-campo.

Ao final da temporada, Sidwell recolheu seus pertences, agradeceu pela chance e aceitou proposta para atuar pelo Aston Villa, que o comprou por 5 milhões de libras.

Questionado se hoje se arrepende de ter dito "sim" ao Chelsea e à camisa 9 da discórdia, o ex-meio-campista nega.

"No meu tempo no Chelsea, eu cresci como pessoa e aprendi a ser um profissional melhor", exaltou.

"No meu escritório, tenho uma camisa enquadrada do dia da minha estreia, na Supercopa da Inglaterra, assinado por todos os meus companheiros. Ninguém nunca vai tirar isso de mim!", finalizou.

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