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Com o grande astro da geração atual no elenco, um dos maiores da história em seus últimos anos de carreira, e uma venda bilionária há poucos meses, o Los Angeles Lakers, franquia mais midiática e segunda maior campeã da NBA, busca entrar em uma nova era. Ao mesmo tempo, porém, está de mãos dadas com o que havia de melhor na anterior.
E meio que não passa disso. Não que seja pouca coisa, é claro, mas talvez seja necessário um pouco mais. Se não de talento, de gente, de um número de atletas qualificados o suficiente para correrem por 48 minutos em quadra de basquete com a defesa mais implacável possível. Os Lakers tentam responder a esse fenômeno com Smart e Ayton, ao passo que Luka Doncic, LeBron James e Austin Reaves dariam conta do recado do outro lado na base do talento puro. É possível. É uma grande história também. Mas é o suficiente?
Como foram os Lakers na última temporada
Campanha: 50 vitórias e 32 derrotas
Classificação: 3° lugar na Conferência Oeste
Nos playoffs: eliminado na primeira fase para o Minnesota Timberwolves por 4 a 1
O que aconteceu: Luka Doncic chegou, no que deve ter sido uma das trocas mais surpreendentes de todos os tempos na NBA. Isso aconteceu em fevereiro, antes da pausa para o All-Star Game, e logo depois de Anthony Davis dar uma entrevista falando que gostaria de jogar ao lado de um outro pivô. Ao invés de receber um novo companheiro em Los Angeles, foi ele quem acabou sendo envolvido no negócio e despachado para Dallas.
Os Lakers já tinham boa campanha antes de Doncic e mantiveram-se na parte de cima da tabela do Oeste com ele, que não demorou para se adaptar e assumir o controle do time. Mas a falta de um pivô mais confiável que Jaxson Hayes cobrou caro nos playoffs, e o Minnesota Timberwolves não teve grandes problemas para vencer a série na primeira rodada.
O elenco dos Lakers para a temporada 2025/26
Escolhas de Draft: Adou Thiero (ala-pivô, 36ª escolha)
Quem mais chegou: Marcus Smart (ala-armador, Washington Wizards), Nick Smith Jr (ala-armador, Charlotte Hornets), Chris Mañon (ala-armador), Jake LaRavia (ala-pivô, Sacramento Kings) e Deandre Ayton (pivô, Portland Trail Blazers)
Quem foi embora: Jordan Goodwin (ala-armador, Phoenix Suns), Shake Milton (ala-armador, Partizan/Sérvia), Dorian Finney-Smith (ala-pivô, Houston Rockets) e Trey Jemison (pivô, New York Knicks)
Provável time titular: Luka Doncic, Austin Reaves, Rui Hachimura, LeBron James e Deandre Ayton
Reservas: Gabe Vincent (armador), Marcus Smart, Nick Smith Jr., Bronny James, Chris Mañon (alas-armadores), Dalton Knecht (ala), Jake LaRavia, Jarred Vanderbilt, Adou Thiero, Maxi Kleber (alas-pivôs), Jaxson Hayes e Christian Koloko (pivôs)
Técnico: J.J. Redick
O clima para a temporada
A oportunidade de conseguir Luka Doncic durante a temporada passada, especialmente do jeito que foi, é algo digno de se agradecer todos os dias para qualquer franquia. Mas a eliminação nos playoffs deixou ainda mais acentuado algo que já estava bem claro desde a chegada do esloveno: a ausência de um pivô titular confiável.
O escolhido para preencher essa lacuna foi DeAndre Ayton, logo depois de ter sido dispensado pelo Portland Trail Blazers. Aos 27 anos, o pivô chega para o que deve ser o maior desafio da carreira: deixar os altos e baixos que viveu até hoje para se estabelecer por definitivo em uma equipe com grandes ambições e que vai precisar bastante dele para triunfar.
Outra adição ao elenco vindo após ter uma dispensa foi Marcus Smart. Vencedor do prêmio de melhor defensor da liga em 2022, o armador teve passagens de pouco impacto e marcada por lesões por Memphis Grizzlies e Washington Wizards. A esperança dos Lakers é que ele consiga entregar um nível que, se não for igual ao dos melhores momentos da carreira, que ao menos chegue perto. Pelas circunstâncias da sua chegada, vale a aposta.
Se o objetivo foi preencher a grande lacuna do elenco e dar a ele um pouco mais de profundidade, então a saída de Dorian Finney-Smith é uma péssima notícia. Não só porque era um membro importante da rotação, mas também por se tratar de um jogador capaz de desempenhar múltiplas posições. Para piorar, ele se transferiu para o Houston Rockets, que teoricamente será um concorrente direto no Oeste.
Com relação às principais peças da companhia, Doncic aparenta estar no melhor da forma física, pronto para se vingar de quem o criticava por isso em Dallas, e LeBron James parece estar satisfeito com o jeito como as coisas estão. Resta saber se isso vai se sustentar no decorrer da temporada.
Abre aspas
"Temos um jogador dinâmico e transcendente como Luka Doncic. Temos no Austin Reaves um incrível jogador complementar. Trouxemos o Marcus Smart, um cara com pedigree de campeão. Deandre Ayton já disputou as finais com emPhoenix também. E tem os caras que já estavam aqui. Rui Hachimura está um ano mais experiente. Jarred Vanderbilt está saudável de novo. Então estou ansioso para o que podemos alcançar. Eu tenho 40 anos, estou prestes a completar 41. Não preciso me apressar para estar 100% em outubro ou novembro. Vamos escalar a cada mês que se passar. Mas estou feliz com a situação em que me encontro neste momento."
As palavras são de LeBron James, aparentemente satisfeito com a maneira como o elenco dos Lakers se formou para a temporada 2025/26. Será curioso acompanhar se esse nível de confiança vai continuar lá em cima no decorrer do campeonato.
Uma esperança
Os números da defesa dos Lakers foram medianos em 2024/25. Longe de serem os piores da liga, mas também não foram bem o suficiente para quem almeja voltar, ao menos, para as finais da conferência. E a primeira notícia da offseason não foi boa: Dorian Finney-Smith, um dos mais versáteis defensores do elenco, deixou a equipe.
Por outro lado, Marcus Smart e DeAndre Ayton chegaram. Em tese, um para reforçar a defesa do homem da bola e do perímetro. O outro, a do garrafão. E de fato ambos tiveram sucesso relativamente recente na função. Além do título de melhor defensor de Marcus Smart há três temporadas, Ayton teve possivelmente seu melhor momento na carreira quando marcou Nikola Jokic nos playoffs de 2021.
Além disso, como já dito, Luka Doncic aparenta estar muito mais motivado a calar as críticas de que vive fora do peso e não é um bom defensor. Esta última, inclusive, facilmente refutada pelos seus melhores no Dallas Mavericks, como ao longo de toda a temporada 2023/24.
Portanto, mais que uma esperança, a melhora na defesa é fundamental para os Lakers atingirem os objetivos na temporada. E mais que um sistema que tenha bons números ao longo da temporada regular, a equipe precisa saber encontrar respostas nos momentos críticos, especialmente nos playoffs. Não que agora sejam um elenco em que praticamente todos são bons defensores, como Thunder, Cavs, Timberwolves e Trail Blazers. Mas há uma possibilidade maior de terem grandes momentos quando o outro time estiver com a bola na mão.
Um medo
Uma das piores imagens do Los Angeles Lakers na temporada passada foi justamente uma das últimas: JJ Redick à beira da quadra, nos playoffs, sem nem olhar para o banco de reservas e cogitar alterações. A estratégia, definida ainda no intervalo, foi a de não realizar substituições no segundo de um dos jogos contra o Minnesota Timberwolves (em outro, só não fez a mesma coisa por uma única troca que levou poucos minutos.
O resultado foi um time cansado, que não conseguiu encontrar as soluções desejadas. No fim, ficou claro que o patamar dos adversários era bem superior, apesar da presença de LeBron James e Luka Doncic em quadra.
Ainda que os Lakers tenham adicionado nomes interessantes ao elenco, nenhum está na melhor fase da carreira. Pelo contrário. E mesmo quando estavam no auge, principalmente Smart e Ayton, tinham características que irritavam as torcidas dos próprios Celtics e Suns.
Portanto, um cenário semelhante em maio, com Redick, Lebron e companhia decepcionados com o que os jogadores são capazes de entregar e não confiando mais uma vez no elenco, não seria exatamente uma surpresa. Mas seria, sim, um desastre, considerando que, na prática, há quase uma responsabilidade implícita em potencializar os últimos momentos da carreira profissional de LeBron James e aproveitar o auge de Luka Doncic.
O cara
Nas 28 partidas que participou pelo Los Angeles Lakers na temporada passada depois que saiu de Dallas, Luka Doncic liderou o time em pontos (28,2) e em rebotes (8,1) por jogo. Só não fez o mesmo em assistências porque LeBron James conseguiu superá-lo: 8,2 a 7,5 por partida. Além disso tudo, vale observar que o aproveitamento nas bolas de três pontos foi de 38%, acima da média da carreira, que é de 35%.
Não é de se esperar que o volume de jogo dele seja menor daqui para frente. O que pode mudar, provavelmente para melhor, é o rendimento físico do esloveno, que se dedicou na offseason a perder peso e aprimorar o condicionamento. Também não parece ser mais segredo que a direção dos Lakers já o vê como a principal estrela da casa, em torno da qual todos os esforços serão feitos ao longo dos próximos anos para construir um time capaz de conquistar o título.
Também vale a pena ficar de olho
Na temporada passada, a 22ª da carreira, LeBron James teve médias de 24,4 pontos, 8,2 assistências e 7,8 rebotes em cerca de 35 minutos por jogo. Apenas outros cinco jogadores em toda a história da NBA registraram números melhores do que esses em um único campeonato: Oscar Robertson (cinco vezes), Luka Doncic (quatro), Nikola Jokic (quatro), Russell Westbrook (duas) e James Harden (uma). Mas nenhum deles fez isso com 30 anos ou mais. LeBron, vale lembrar, está caminhando para os 41.
Enquanto LeBron não estiver aposentado, vai continuar valendo a pena ficar de olho nele. Não há a menor dúvida disso. Mas existe um outro jogador que pode ter um papel crucial para o que os Lakers vierem a fazer ao longo da próxima temporada: DeAndre Ayton, o novo pivô de um time que tinha uma carência enorme na posição.
A trajetória com o Portland Trail Blazers, especialmente na temporada passada, misturou flashes de enorme impacto com momentos em que não passava segurança. Os Lakers precisam que ele tenha alguma regularidade para sonharem alto, principalmente na defesa.
Grau de apelo para o telespectador - de 1 a 5
4,5 (alto para máximo) - Luka Doncic parece ter se dedicado muito para chegar à melhor forma física da vida,depois das cutucadas que levou de Nico Harrison em Dallas. Só faz isso quem está extremamente motivado. Fora isso, tem o fator LeBron James. Nunca se sabe quando será de fato a última temporada dele, então é quase uma obrigação curtir enquanto dá.
Palpite para a temporada 2025/26 dos Lakers
No cenário mais otimista: Luka Doncic mantém-se em forma, DeAndre Ayton consegue entregar o que tanto fez falta a esse time no último ano, a campanha tem mais vitórias do que na temporada passada e os Lakers se estabelecem como a maior ameaça ao Oklahoma City Thunder no topo do Oeste.
No cenário mais pessimista: mesmo com duas grandes estrelas, o time não mostra evolução em relação ao último ano, não se satisfaz tanto assim com DeAndre Ayton, fica um pouco para trás na briga pelas primeiras posições do Oeste, flerta com o play-in, acaba indo para os playoffs, mas se despede ainda na primeira rodada.
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