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Lucas Guanaes e Luís Araújo
10 de out, 2025, 03:31
Oito jogadores acima dos 30 anos de idade. Destes, quatro com mais de 35. Os outros três principais jogadores da rotação também não são tão jovens, têm 28 anos. O LA Clippers chega na temporada 2025/26 da NBA com uma aposta incomum para os tempos atuais: apostar na reunião de jogadores carimbados, com muitos anos de liga, em detrimento de atletas mais jovens e de maior vigor físico para manter a intensidade defensiva de equipes como Thunder, Pacers e Timberwolves.
Algumas histórias se destacam, como o retorno de Chris Paul a Los Angeles, e mais uma oportunidade para Bradley Beal em um grande time. Mas o grande tema, ao menos no início da temporada, é a investigação sobre a franquia e Kawhi Leonard potencialmente terem burlado o teto salarial da NBA. Em meio a tudo isso, há como apostar nos Clippers?
Como foram os Clippers na última temporada
Campanha: 50 vitórias e 32 derrotas
Classificação: 5° lugar na Conferência Oeste
Nos playoffs: Eliminado na primeira rodada para o Denver Nuggets por 4 a 3
O que aconteceu: numa das mais fortes temporadas da Conferência Oeste nas últimas décadas, os pouco mais de 50% de aproveitamento não eram suficientes para deixar os Clippers em uma boa posição. Quando Kawhi voltou às quadras, em janeiro, o aproveitamento até o restante da temporada saltou para quase 80%, e o time passou a frequentar a zona de classificação direta aos playoffs com mais constância, apesar da classificação só chegar na última rodada da temporada regular, com vitória sobre os Warriors. Mas o chaveamento foi cruel. O Denver Nuggets despachou Harden e companhia em uma série duríssima, mas que os Clippers pouco produziram no Jogo 7.
O elenco dos Clippers para a temporada 2025/26
Escolhas de Draft: Yanic Konan Niederhauser (pivô, 30ª escolha) e Kobe Sanders (ala-armador, 50ª escolha)
Quem mais chegou: Chris Paul (armador, San Antonio Spurs), Jason Preston (armador, Salt Lake City Star/G League) Bradley Beal (ala-armador, Phoenix Suns), TyTy Washington (ala-armador, Phoenix Suns), John Collins (ala-pivô, Utah Jazz) e Brook Lopez (pivô, Milwaukee Bucks)
Quem foi embora: Norman Powell (ala-armador, Miami Heat), Amir Coffey (ala, Milwaukee Bucks), Seth Lundy (ala) e Drew Eubanks (pivô, Sacramento Kings)
Provável time titular: James Harden, Kris Dunn, Kawhi Leonard, John Collins e Ivica Zubac
Reservas: Chris Paul, Jason Preston (armadores), Bradley Beal, TyTy Washington, Cam Christie, Kobe Sanders (alas-armadores), Derrick Jones Jr, Bogdan Bogdanovic, Jordan Miller, Trentyn Flowers (alas), Nicolas Batum, Kobe Brown, Patrick Baldwin Jr. (alas-pivôs), Brook Lopez e Yanic Konan Niederhauser (pivôs)
Técnico: Tyronn Lue
O clima para a temporada
A offseason dos Clippers foi uma das mais movimentadas de toda a NBA. A primeira grande movimentação foi a troca tripla que enviou Norman Powell, um dos grandes nomes da equipe no último ano, e recebeu John Collins. O ala-pivô teve os melhores números pessoais dos últimos cinco anos em Utah, apesar de só ter atuado 40 jogos. Chega a Los Angeles para aumentar a estatura do time e manter o ótimo aproveitamento do perímetro (teve 40% na última temporada).
Depois foi a vez de Bradley Beal. Três vezes all-star, o ala foi dispensado pelo Phoenix Suns e desembarcou em Los Angeles para ser um dos comandantes da segunda unidade da equipe, assumindo o papel de menor protagonismo da carreira, mas talvez um dos que lhe dará maior liberdade.
Ao seu lado estará Chris Paul, que aos 40 anos de idade volta para a franquia em que teve alguns dos melhores momentos da carreira, naquela que pode ser sua última temporada como atleta profissional. Além deles, Brook Lopez também desembarcou em Los Angeles para ser o principal reserva de Ivica Zubac, fornecendo bons atributos defensivos, um bom aproveitamento do perímetro, e a experiência de quem já foi campeão da NBA.
E claro, Kawhi Leonard está sendo investigado, juntamente com Steve Ballmer, dono dos Clippers, por um esquema de fraude no teto salarial. As suspeitas vieram à tona após denúncia de que um dos patrocínios de Kawhi, na verdade, foi utilizado como forma dos Clippers aumentarem o salário do astro fora do teto da NBA. As investigações devem durar muitos meses e talvez nem terminem em 2025/26. Ainda assim, representam uma grande sombra sobre a evolução da equipe.
Todas as movimentações deram aos Clippers duas temporadas de ‘janela’ para brigarem pelo inédito título da NBA. Afinal, todos os contratos (exceto o de Zubac) terminam ao final de 2026/27, quando a franquia poderá partir para uma reconstrução total. Após anos de movimentações robustas, mas com apenas uma final de conferência na bagagem, a diretoria dá um prazo para o time, que também coincide com o final da carreira de praticamente todo o elenco, para tentarem mais uma vez alcançarem a glória máxima.
Abre aspas
"Eu não leio manchetes, teorias da conspiração ou qualquer outra coisa do tipo. Eu me importo é com a temporada que está chegando e com o que nos aguarda daqui para frente. A NBA vai fazer o trabalho dela. Nenhum de nós fez algo errado. As coisas são como elas são. Nós convidamos que façam investigações. Isso não vai ser uma distração para mim nem para o resto do time."
A declaração é de Kawhi Leonard, que jura não estar preocupado com as acusações envolvendo seu nome ao longo das últimas semanas.
Uma esperança
Pela primeira vez desde que chegou aos Clippers, em 2020/21, Tyronn Lue conseguiu deixar montar uma das três melhores defesas da temporada. Foram apenas 110,4 pontos sofridos a cada 100 posses de bola. Apenas o Thunder e o Magic tiveram números melhores em 2024/25.
Considerando que as saídas de Powell, Coffey e Eubanks não representam a perda de nenhum defensor de elite, é de se esperar que o alto nível defensivo seja uma constante em Los Angeles. Principalmente com as chegadas de Chris Paul, Brook Lopez, John Collins e a expectativa de Kawhi jogar pelo menos 60 jogos.
Do outro lado da quadra, também há uma expectativa de melhora. Afinal, não apenas os titulares são grandes pontuadores. A segunda unidade também pode botar medo nos adversários, com Bradley Beal e Bogdanovic: o primeiro, mesmo em um dos piores anos da carreira, teve 17 pontos de média e 38% de perímetro. O segundo é um dos grandes chutadores da liga, com 42% de acerto desde que chegou aos Clippers.
Apesar da provável rotação de 11 jogadores de alto nível render um aparente problema na divisão de minutos, a longa temporada de 82 jogos e o desgaste físico de certa forma garantem que todos terão espaço ao longo dos meses, facilitando as escolhas de Lue se a equipe chegar novamente aos playoffs.
Um medo
Difícil não citar os possíveis impactos da denúncia sobre Kawhi Leonard aqui. Por se tratar de uma investigação inédita na NBA, a punição, se houver, também é imprevisível. No caso mais parelho na história da liga, com os Timberwolves na década de 1990, a franquia perdeu a escolha de primeira rodada no Draft por vários anos. Mas caso as suspeitas se confirmem, o rigor da NBA pode ser ainda maior contra Kawhi e os Clippers.
Com o astro em quadra, a equipe venceu quase 80% das partidas na última temporada, além de ficarem muito perto de eliminarem os Nuggets nos playoffs. Mas o temor de uma ausência não se resume ao ala.
Bradley Beal não jogou 60 partidas em nenhuma das últimas quatro temporadas. John Collins vem de um ano com 40 jogos. Bogdanovic, apenas 30. Apesar do elenco numeroso, a última temporada mostrou que o time sofre quando algumas peças deixam a equipe, uma vez que ‘apenas’ Harden e Zubac não dão conta do recado por todos os 48 minutos de jogo.
O cara
Após alguns anos de aparente declínio, James Harden voltou com tudo em 2024/25. Teve 22,8 pontos de média (melhor marca desde 2021), 79 partidas na temporada regular, volta ao all-star, eleito para o terceiro time ideal da liga e até figurou na corrida para o MVP, sendo o décimo mais votado ao lado de Jalen Brunson, dos Knicks, e Evan Mobley, dos Cavs.
O ‘Sistema’ foi o grande responsável pela boa campanha dos Clippers, que terminaram empatados com Lakers e Nuggets com 50 vitórias e 32 derrotas, mas ficaram apenas na 5ª posição pelos critérios de desempate.
Por mais que Tyronn Lue precise rachar a cabeça para colocar todo mundo para jogar, é Harden que terá a missão de distribuir as ações e fazer tudo funcionar ao lado de Chris Paul, nos momentos em que dividirem a quadra.
Embora o stepback do perímetro não seja tão frequente e letal quanto outrora, Harden ainda tem qualidade o suficiente para atrair todos os olhares da marcação adversária e capacidade para encontrar os companheiros em qualquer ponto da quadra.
Também vale a pena ficar de olho
Algumas novidades saltam aos olhos neste elenco. Durante seu tempo em Phoenix, Bradley Beal até chegou a ser colocado no banco em determinado momento, mas não sem uma série de rusgas.
Agora nos Clippers, porém, não vai ter jeito: o ala precisará comandar a segunda unidade. O que na verdade pode ser bom para ele. Afinal, será o grande líder ofensivo do time nesses momentos, o que deverá lhe dar liberdade para pontuar da maneira que preferir. E mesmo que não retorne ao nível do seu auge nos Wizards, que é o mais provável, ainda é capaz de entregar algo em torno de 20 pontos por jogo sem tanta dificuldade.
Mas a grande mudança está em outro jogador: John Collins. O ala/pivô chega para ser titular no lugar de Derrick Jones Jr. (e até de Norman Powell), com um acréscimo na qualidade de jogo e atributos físicos. Com 2,06m, também pode ser utilizado ao lado de dois pivôs (DJJ e Zubac ou Brook Lopez, por exemplo), caso Lue deseje aumentar a estatura do elenco.
Ofensivamente, é uma ameaça de todos os pontos da quadra, redefinindo as opções de ataque dos Clippers, que ganham um jogador extremamente confiável do perímetro, mas que também funciona de costas para a cesta e também em drives.
Após ficar claro que não teria mais espaço no Atlanta Hawks há duas temporadas, acabou em um despretensioso Utah Jazz, onde teve suas qualidades eram pouco apreciadas, uma vez que o objetivo não era exatamente ter o melhor time possível em quadra. Em Los Angeles, porém, tem a maior oportunidade da carreira de conquistar um título, e tende a ser peça fundamental no esquema dos Clippers.
Grau de apelo para o telespectador - de 1 a 5
4,5 (alto para máximo) - É um time recheado de estrelas, que já teve um estilo de jogo legal de se ver no ano passado e com um elenco que ganhou ainda mais profundidade agora. Pode até ser que essa concentração de gente tão rodada assim não funcione, que a química não aconteça e que tudo vire um caos, mas é uma novela que definitivamente merece atenção.
Palpite para a temporada 2025/26 dos Clippers
No cenário mais otimista: Tyronn Lue encontra a melhor maneira de distribuir minutos na rotação, o time fica entre os cinco melhores tanto no ranking de defesas mais eficientes como no de ataques, se classifica com mando de quadra e vira a grande ameaça ao Oklahoma City Thunder pelo topo do Oeste.
No cenário mais pessimista: a história envolvendo Kawhi Leonard ganha mais capítulos, vira uma distração grande demais, o time não se encaixa com as novas peças, se vê ultrapassado por outros fortes concorrentes do Oeste e não consegue nem beliscar um lugar no play-in.
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*Clique no escudo para ler. Será publicada uma análise por dia até 20/10, véspera da estreia da NBA.

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